Hoje quem paga sou eu

Letra de David Nasser
Música de Herivelto Martins
Compuesto en 1955

Antigamente, nos meus tempos de ventura,
Quando eu voltava do trabalho para o lar,
Deste bar alguém gritava com ironia
«Entre, mano, o fulano vai pagar».
Havia sempre alguém pagando um trago,
Pelo simples direito de falar.
Havia sempre uma tragédia entre dois copos,
Nas gargalhadas de um infeliz a soluçar.
Eu sabia que era um estranho neste meio
Um estrangeiro na fronteira deste bar,
Mas bebia, outro pagava, e eu partia
Para o mundo abençoado do meu lar.

Hoje, faço deste bar a sucursal
do meu lar que atualmente não existe.
Tenho minha história pra contar,
Uma história que é igual, amarga e triste.
Sou apenas uma sombra que mergulha,
Num oceano de bebida, o seu passado.
Faço parte dessa estranha confraria
Do conhaque, do vermute e do traçado.
Mas se passa pela rua algum amigo,
Em cuja porta a desgraça não bateu,
Grito que entre, e neste bar beba comigo,
Hoje quem paga sou eu.